fbpx Skip to main content
 

Pesquisa

A nova ciência da intercepção do câncer

Impedindo doenças mortais antes de seu início: a nova ciência da interceptação do câncer

 

Imagine se o seu médico pudesse detectar um câncer antes que ele começasse a crescer em seu corpo e, assim, pudesse lhe medicar para impedir que ele se instalasse. Esta pesquisadora explica como ela e outros cientistas estão trabalhando para que, um dia, esse conceito de ponta se torne realidade.

Para o tratamento do câncer, há muito se sabe que descobrir a doença nos estágios iniciais é a chave para um resultado mais bem-sucedido. Mas os nossos cientistas estão elevando a ideia para outro patamar: eles estão tentando interceptar células suspeitas antes que elas se tornem malignas e comecem a se proliferar.

A premissa por trás da nova estratégia, conhecida como interceptação do câncer, é descobrir como algumas células saudáveis se tornam cancerígenas, para que medicamentos possam ser desenvolvidos para interromper esse processo e, potencialmente, deter a doença antes que ela invada o corpo.

Parece promissor?

Nós também achamos e é por isso que conversamos com Ming Qi, M.D., Ph.D., Senior Director da Clinical Research in Hematology and Oncology, Janssen Research & Development, para saber mais sobre como a interceptação do câncer funciona.

P: Você pode explicar um pouco mais sobre o pensamento por trás da interceptação de câncer?

R: É um conceito relativamente novo, mas que faz muito sentido. Uma vez que o câncer se instala, ele se torna mais complexo e resistente perante as intervenções terapêuticas padrão, como a quimioterapia.

Mas antes disso a doença geralmente se desenvolve lentamente ao longo de alguns anos e frequentemente é precedida por células pré-malignas que tendem a ter um tratamento mais fácil. A teoria por trás da interceptação é que, ao encontrar essas células pré-malignas e torná-las alvo, teremos a melhor possibilidade de cura do câncer.

P: A interceptação do câncer está sendo usada atualmente para tratar alguma forma da doença?

R: Sim. Um exemplo clássico de uma forma de interceptação eficaz é a detecção precoce de pólipos no cólon através de colonoscopia. Os pólipos são um precursor do câncer de cólon e se você os retirar cirurgicamente, você pode evitar que o câncer se desenvolva.

P: Você pode falar mais especificamente sobre a sua pesquisa de interceptação do câncer com o mieloma múltiplo?

R: Como câncer de cólon, o mieloma múltiplo (uma forma de câncer no sangue) também possui um precursor identificável. É conhecido como mieloma múltiplo assintomático (SMM), que produz determinadas proteínas que podem ser medidas tanto no sangue quanto na urina; geralmente, essas proteínas anormais aparecem antes da pessoa apresentar qualquer sintoma de câncer.

Cerca de cinco por cento dos pacientes com SMM desenvolverão mieloma múltiplo em aproximadamente 10 anos; mas, em algumas pessoas, ele progride de forma muito mais rápida, como em um ou dois anos. Essas são as pessoas que nós realmente gostaríamos de tratar com um medicamento que possa potencialmente interceptar a doença e evitar que o câncer se forme.

Atualmente nós temos um estudo Fase 2 focado nisso. É uma área desafiadora de pesquisa, pois os pacientes com SMM não têm câncer (tecnicamente, eles não estão doentes), então só é permitido o uso de medicamento extremamente seguro e não tóxico. Também é necessário um medicamento conveniente, já que a maioria dos pacientes ainda está trabalhando e não pode tirar vários dias de folga para tratamento hospitalar.

P: Onde a interceptação do câncer se encaixa no esquema geral da pesquisa de câncer?

R: Eu acho que isso é o futuro. Como a prevenção é uma parte importante da luta contra o câncer, eu acredito que a interceptação se tornará cada vez mais importante para uma variedade de cânceres. Por exemplo, outro grupo de pesquisadores na Johnson & Johnson está estudando a interceptação do câncer de próstata.

Graças à tecnologia e à nossa capacidade de olhar agora para as causas genéticas da doença, estamos vendo com cada vez mais clareza como o câncer se desenvolve, o que, eventualmente, fornecerá mais maneiras de nos ajudar a tratar a doença em estágios muito iniciais e pré-cancerígenos.

P: Qual a potencial recompensa desse trabalho?

R: Aprender a identificar e tratar o câncer antes que ele se instale pode reduzir significativamente o número de pessoas que morrem da doença.

Especificamente em termos de SMM, o padrão de cuidado atual é a espera supervisionada: monitora-se o paciente a cada três a seis meses para ver se ele desenvolveu câncer.

Mas, como você pode imaginar, isso causa muito estresse e ansiedade. Essas pessoas estão vivendo constantemente com a ameaça de desenvolverem câncer a qualquer momento e não há nada que elas possam fazer para evitar isso. Se nós pudéssemos tratá-las nesse estágio, não só evitaríamos uma tonelada de preocupação, mas também poderíamos potencialmente salvar as suas vidas.

P: Deve ser emocionante estar na vanguarda de uma abordagem totalmente nova na pesquisa de câncer. Como é?

R: O meu trabalho é extremamente emocionante e me mantém acordado à noite. Da perspectiva de pesquisa, este é um território totalmente novo, então não estamos repetindo o trabalho que outras pessoas fizeram. Então tudo, desde o projeto dos nossos testes clínicos até a seleção de pacientes, representa desafios únicos. Eu penso nisso constantemente.

Mas vale a pena, pois se pudermos encontrar a cura, haverá muitas e muitas pessoas que não viverão mais com medo, imaginando quando ou se vão desenvolver câncer. Eu tenho altas expectativas sobre a nossa pesquisa. Não vejo a hora de chegar o dia em que poderemos dizer que deu certo.

Este artigo, escrito por Ginny Graves, foi disponibilizado primeiro em www.jnj.com.