Ouçam nossas vozes
A canção foi composta por Allyson Mariano, músico que vive com esquizofrenia. Ela é interpretada por Nando Reis, que fez os arranjos, e pelo próprio Allyson. Em coro contra o preconceito, temos também a participação do ator Babu Santana e da youtuber Hana Khalil, além de médicos, colaboradores da Janssen, pacientes e representantes de entidades que apoiam a causa. Você vai se emocionar!
Sobre Allyson Mariano
Natural de Goiânia, Allyson tem 36 anos e passou mais de duas décadas sem entender o que se passava com ele. Desde os cinco anos, já se sentia diferente, tinha problemas na escola e em ambientes sociais. Sofreu muita rejeição na adolescência e na juventude.
Ainda na infância, começou a frequentar psicólogos, mas seu diagnóstico era de depressão e fobia social. Passava por surtos, enfrentando delírios, visões, vozes e desenvolvimento de cacoetes. Somente aos 27 anos, descobriu que tinha esquizofrenia. Depois disso, demorou cinco anos até que seus medicamentos fossem ajustados corretamente.
Nessa jornada tão difícil, a música acabou se tornando uma companheira de vida. Ele toca piano desde os 8 anos e compôs sua primeira música aos 14. Chegou a cursar as faculdades de ciências da computação e direito, mas descobriu que seu verdadeiro talento é a arte.
Além da canção Ouçam Nossas Vozes, já gravou quatro músicas com sua banda, a “Hard Flow” – todas compostas por ele. Allyson faz arranjos de orquestra, cuida de toda a parte de produção da banda, toca teclado, um pouco de guitarra e é o backing vocal. Além disso, já escreveu mais de 65 músicas, a maioria em inglês (idioma que aprendeu sozinho) e tem um livro de poemas publicado.
Sobre a música Ouçam Nossas Vozes
“A letra é um convite às pessoas para entender e expandir seus horizontes, fugindo dos estereótipos que causam sofrimento”, diz Allyson. “Através dos esclarecimentos sobre a condição da pessoa com esquizofrenia, quero que outros pacientes vivam dias melhores do que os que eu já vivi”, completa.
A canção foi especialmente composta para a campanha, a partir de um de seus poemas. Além de emprestar a voz para a interpretação da letra, Nando Reis também fez o arranjo da música.
Dar visibilidade às pessoas com esquizofrenia para quebrar estigmas e preconceitos
A campanha Ouçam Nossas Vozes nasceu da necessidade de conscientizar a socied ade sobre essa doença mental séria, que se não for tratada adequadamente, pode ter graves consequências tanto para os pacientes quanto para quem está ao seu redor. Agora, a campanha avança em mais uma etapa com o objetivo de dar voz aos pacientes, ampliar o diálogo e quebrar estigmas e preconceitos relacionados à esquizofrenia.
Apesar de não ter cura, a esquizofrenia pode ser tratada e ter os sintomas controlados – desde que haja diagnóstico e adesão ao tratamento prescrito pelo médico –, permitindo aos pacientes uma vida plena e autônoma. Com o transtorno sob controle, as pessoas com esquizofrenia podem ter uma vida plena e revelarem todo o seu potencial, expressando talentos e habilidades que contribuem com a sociedade. É isso o que reforça a campanha #OuçamNossasVozes, promovida com o apoio do Programa de Esquizofrenia (PROESQ) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
#OuçamNossasVozes
A falta de compreensão sobre a doença é uma realidade enfrentada por muitos pacientes. Mas eles não se calam e se unem para derrubar estigmas e preconceitos. Assita ao vídeo baseado em depoimentos reais! Siga nossas páginas no Facebook e no Instagram e fique por dentro de todas as novidades. Não perca nossa série de podcasts com médicos e pacientes contando histórias inspiradoras de acolhimento e de superação da doença.
Não chame esquizofrenia de loucura
Diferentemente do que se imagina, a esquizofrenia é uma experiência que pode ser compreendida. Ela possui particularidades: é uma doença que afeta o funcionamento do cérebro, relacionada a fatores como problemas na gestação e/ou no parto, problemas genéticos, problemas no amadurecimento do cérebro, fatores estressores além do que se pode suportar. Quando esse conjunto de fatores atua em uma determinada condição e período da vida, a pessoa pode desenvolver a doença. Um dos efeitos que promove a alteração de comportamento no paciente é o aumento da função da dopamina, uma das substancias químicas que nosso cérebro produz para que os neurônios se comuniquem.
Entendendo os sinais
Os sintomas da esquizofrenia geralmente começam entre 15 e 35 anos de idade. Em casos raros, crianças também podem apresentar as características da doença. Os principais sintomas se dividem em três tipos: positivos, negativos e cognitivos.
Sintomas positivos
O individuo apresenta comportamentos psicóticos geralmente não observados em pessoas saudáveis. Esses sintomas se traduzem em uma perda de contato com alguns aspectos da realidade, podendo ter as seguintes manifestações:
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Delírios (Alterações de pensamento. O delírio mais comum é o de se sentir perseguido);
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Alucinações (Alterações de sensações. A alucinação mais comum é ouvir vozes);
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Pensamentos desordenados (modos de pensar incomuns ou disfuncionais);
Sintomas negativos
Estão associados a alterações no processamento das emoções e em comportamentos anormais, como:
· Redução de expressões emocionais, do afeto;
· Redução do sentimento de prazer em atividades cotidianas;
· Dificuldade em iniciar ou manter atividades; e
· Redução da fala.
Sintomas cognitivos
Podem se manifestar de maneira mais sutil ou mais acentuada, afetando a memória e outros aspectos do pensamento. Os principais sintomas são:
· Falta de foco: dificuldade na concentração de atividades cotidianas; e
· Baixo funcionamento intelectual.
Cada pessoa reage de uma forma, portanto os sinais podem ser diferentes de caso para caso. Alguns sintomas se desenvolvem lentamente ou aparecem de forma repentina. A esquizofrenia pode ter ciclos de recaída e remissão. Alguns sinais precoces incluem:
· Ver algo que não existe;
· Sensação de estar sendo observado ou perseguido;
· Escrita ou fala anormais;
· Apatia frente a situações e acontecimentos importantes;
· Queda no desempenho escolar e/ou profissional;
· Alteração de personalidade;
· Isolamento social
Tratamentos
Existem diversos fatores para o desenvolvimento de esquizofrenia: biológicos, psicológicos, ambientais e sociais. Por isso, o tratamento também precisa englobar abordagens múltiplas, passando pelo cuidado oferecido por médicos psiquiatras e equipe de saúde multidisciplinar - incluindo tratamentos medicamentosos, psicoterapia e acompanhamento psicológico, além da atenção de familiares e da rede de apoio.
Evitar recaídas, ou seja, novos surtos psicóticos, é o foco do tratamento, não apenas pelo impacto desses episódios na qualidade de vida do paciente e sua família, mas também pelas perdas biológicas cerebrais que eles podem causar. Quando a doença é tratada correta e continuamente, com a estabilização dos sintomas e prevenção de recaídas, é possível que o paciente viva de forma mais autônoma e saudável. Medicamentos são frequentemente usados para controlar os sintomas da esquizofrenia por reduzirem o desequilíbrio bioquímico característico da doença, prevenindo recaídas. Para isso, a adesão correta ao tratamento proposto é fundamental.
A falta de adesão ao tratamento é um grande desafio: apenas cerca de 1/3 dos pacientes seguem à risca as prescrições de medicamentos que devem ser tomados diariamente. Os tratamentos injetáveis de ação prolongada podem ajudar nesse sentido: mensais ou trimestrais, eles têm rápida ação e previnem recaídas, acarretando em menos hospitalizações e outros desfechos graves decorrentes da doença.
Barreiras
A maior barreira é a aceitação da doença. Ela impacta na adesão ao tratamento, que também é comprometida pela dificuldade do paciente de associar a terapia à melhora dos sintomas. A interrupção do tratamento contribui para a evolução do transtorno que, a cada crise, pode provocar danos cerebrais difíceis de serem revertidos. Além disso, a cada episódio, a recuperação pode ser mais lenta e o transtorno pode se tornar mais resistente ao tratamento, com impactos severos na autonomia do paciente. A demora do encaminhamento ao profissional especialista é outro fator que compromete o tratamento da esquizofrenia.
Estigma: é preciso mudar
Estereótipos estão enraizados em nossas vidas e as complicações mentais acabam muitas vezes distorcidas. É comum escutarmos em nosso dia a dia piadas pejorativas e de mau gosto que equiparam esquizofrenia a desordem, imprevisibilidade e falta de bom senso. Isso banaliza uma séria condição de saúde, alimenta o estigma e ofende os pacientes e seus familiares.
O desconhecimento geral da sociedade sobre a esquizofrenia e a realidade das pessoas que convivem com a condição contribui para a perpetuação do preconceito e consequente isolamento dos pacientes. Desconstruindo estigmas é possível oferecer as oportunidades necessárias para melhora e recuperação de milhares de pacientes e famílias que convivem com a esquizofrenia.
Para se aprofundar ainda mais no tema, baixe gratuitamente o e-book preparado pela Dra. Ana Escobar. Compartilhe o conteúdo para ajudar a quebrar os estigmas da esquizofrenia

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